sexta-feira, dezembro 05, 2008

O inverno de nossas vidas



Como podemos ser tão tolos, nos encondendo na estação mais reveladora da vida?
Mas e o frio, a chuva e o desânimo que o inverno traz ao corpo e às almas perturbadas?
Sim, os dias cinzentos nos tornam animais enjaulados, tristes, acuados.
mas um dia ele aparece e a vida continua, apenas algumas fagulhas é o suficiente
porque quando o sol ressurge num dia de inverno, não podemos desperdiçar a benção, descemos a serra então,
os irmãos da vida,
surfistas
retornando ao lugar onde o inverno fala com a gente: nosso amado pico local,
a praia onde o tempo não existe
onde as lembranças estão sempre presentes
onde até a dolorosa saudade torna-se uma memória mágica,
onde as incríveis histórias do passado – os amigos, festas, fogueiras, músicas junto da lua e de mulheres inesquecíveis ou dos brothers comemorando – apenas nos lembram que vida maravilhosa tivemos,
que temos,
pois logo estamos de novo lá dentro
no lugar a que mais pertencemos
o oceano imenso
o lugar onde mais somos nós mesmos.

Só quem sente que pertence ao mar sabe como os sonhos e esperanças são mais intensos lá dentro,
a água fria, mais verdadeira, com a temperatura das nascentes dos rios, cachoeiras,
geladas como as fontes da vida,
sim, trituram os ossos, mas aquecem a alma dos que a enfrentam
e as ondas? ah, que tonalidade mágica, não são mais azuis dos dias quentes,
não lembram o céu do sol brilhando poderoso
são mais envolventes, densas, cor de conto de fadas antigos
verdes
verdes escuras,
e elas vêm
e remando feito loucos para empurrar nossos corpos pesados envolvidos em roupas de borracha
finalmente as encontramos
e viajamos num vital túnel do tempo
pois surfar as ondas do inverno é penetrar no silêncio e mistérios daqueles bosques verdes da infância, daqueles inesquecíveis passeios na floresta

Verde,
a cor da inocência
a cor dos surfistas.

Lembro então da frase da jovem Valentina, que evoluiu tanto nos últimos meses [deve ser o inverno a amadurecendo]:
“Viver? Não se trata de aproveitar cada momento, mas sim tornar cada momento único”.
(11/06/2004)

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