sexta-feira, julho 31, 2009

Monstros humildes


O grande exemplo do nadador César Cielo, novo campeão e recordista mundial dos 100 metros livres, não é apenas seu talento, dedicação e sacrifício de viver e treinar na pequena e distante Auburn, cidadezinha no meio do nada e sem atrativos no interior do Texas, EUA. Claro que sua rotina solitária e duríssima na inóspita Auburn - sem opções de cultura, lazer e de belezas naturais - e tão longe dos familiares e amigos já é uma lição para muito atleta brasileiro mimado pelo Brasil ou em grandes cidades estrangeiras. Mas o diferencial maior de Cielo - único brasileiro campeão olímpico (50 metros, em Pequim) e mundial (100 m, ontem, no Mundial de Roma) de natação – é seu caráter imbatível de muita autoconfiança e nenhuma arrogância. Poucos minutos depois de se tornar o maior nadador brasileiro de todos os tempo, ontem, na piscina de Roma, ele afirmou que, caso sua medalha pudesse ser quebrada, teria que dar cada pedacinho dela para os amigos, familiares e treinador que o apoiaram. Sim, ele também fez um agradecimento justo ao seu patrocinador, os Correios, só que em seguida demonstrou mais grandeza ao destacar um misto de patrocinador e lar, o Clube Pinheiros, “ali é como se fosse a minha casa, estou com eles desde os 15 anos de idade”. Sim, Cielo treina em uma universidade dos EUA, mas não esquece do clube que o formou e segue incentivando-o. Aliás, não esquece de ninguém que lhe estendeu a mão desde suas primeiras braçadas, nas águas da pequena Santa Bárbara D´Oeste, interior de São Paulo. Por isso seu reinado ainda se estenderá por bons anos. O esporte dá longa vida a supercampeões com essa estirpe rara de nobreza, humildade e pureza de coração. Uma estirpe que também é a do mito americano Michael Phelps. Entrevistado ontem sobre por que não participou da prova dos 100 metros livres, o nadador que não precisa elogiar ou ligar para nenhum outro, saiu-se com essa resposta: “Acabei de ver o César Cielo nadar e tive uma certeza: eu não ganharia esta prova de jeito nenhum.”
Belo e humano momento que vive a natação mundial, em se tratando dos seus protagonistas. Polêmicas dos maiôs à parte, bonito também é ver o respeito e até carinho mútuo entre os maiores do mundo: como acontecera em Pequim, Cielo foi parabenizado e abraçado com sinceridade e simpatia pelos franceses que ficaram com a prata e bronze ontem, Alain Bernard e Frederick Bousquet. No esporte de hoje, tão cheio de falsos exemplos, egos enormes e caráteres duvidosos, as piscinas andam ensinando lições inesquecíveis.


Bernard, que acaba de perder seu recorde e título mundial,
abraça Cielo.

quinta-feira, julho 30, 2009

A molecada que se dane?


Varejão e figurões poupados de ir pra Argentina. A molecada, não.
O que é mais importante? Saúde ou Educação?! A saúde e vida, claro! Seguindo a orientação das Secretarias de Saúde e da Educação, a maioria das escolas particulares de São Paulo resolveu adiar o reinício das aulas para 10 de agosto, talvez, dia 17. A mesma atitude precavida e bom senso não teve a direção da Faculdade Cásper Líbero, que afirmou que não adiará a retomada das aulas para não apertar o calendário. Parecida foi a declaração do diretor do Colégio Bandeirantes, famoso por massacrar seus alunos visando apenas a entrada no vestibular. Disse que não adiará o reinício porque “educação é algo muito importante”. E o bem estar de seus alunos???
Pena que o festival de estupidez prossiga e atinja também o esporte. A CBB, Confederação Brasileira de ,resolveu cancelar a participação da seleção brasileira principal, adulta, no Torneio Super 4, a ser disputado em Rosario, Argentina, país que é um dos mais afetados por casos de gripe suína. Ótima medida, não fosse a solução tomada pela CBB: Poupem-se os adultos, os homens da NBA, e mandemos cobaias jovens à Argentina! A CBB vai mandar a seleção sub19, os garotos! Leiam abaixo a explicação da entidade em matéria do jornal Lance:
“– Nosso foco principal é a disputa da Copa América. Por isso, não podíamos correr risco de perder nenhum atleta. Como a Seleção sub19 não irá participar de nenhuma competição, se alguém tiver de ficar em quarentena o prejuízo não será tão grande – afirmou o diretor do departamento masculino da CBB, Vanderlei Mazzucchini.
A decisão foi tomada em uma reunião entre a comissão técnica e a diretoria da entidade. Doente, o presidente da CBB, Carlos Nunes, não participou das discussões.
– Consultamos o Ministério da Saúde, que recomendou adiar a viagem, mas não teria como mudar a data do torneio. Não vejo problema em jogarmos com a sub-19. Eles correm risco de contágio da mesma maneira que corremos aqui no Brasil – disse Carlos Andreolli, médico da Seleção principal.”
Show de horror e irresponsabilidade é pouco, e pra piorar, os pais de alguns sub19 acharam ótima a ideia da CBB, pois seus filhos terão a chance de enfrentar jogadores profissionais.

Eu conheço Rosario, é uma cidade maravilhosa, à beira do Rio Paraná, com tamanho de mar ali. No verão, é uma maravilha. No inverno (estive lá nas duas temporadas), sopra um vento congelante vindo do rio o dia todo. Um dia lá tomando vento, em julho do ano passado, e dois amigos meus ficaram de cama. Sorte que ainda não existia a gripe suína... A mesma sorte não terão os garotos da sub19... Muito agasalho e fé então, molecada.

segunda-feira, julho 27, 2009

Os maiores de todos os tempos


Não há muito o que dizer. Basta assistir, se encantar, quase não acreditar e segurar as lágrimas. Porque nunca houve uma seleção como essa, em qualquer esporte. Não com esses Homens, Gênios e Artistas. Não com esse Mestre comandando-os. Porque o Brasil de 82 foi mais belo e emocionante até que o único Dream Team puro, o de Jordan, Magic e Bird.

sábado, julho 25, 2009

A capital e seus pecados


Nunca quis conhecer Brasília pelo que ela representa, o Palácio da Bandidagem de terno e gravata que manda e desmanda no país. Mas como estava pertinho, dei uma chegada. E valeu a pena, para confirmar alguns de meus pré-conceitos e também para derrubá-los. Porque há beleza em Brasília em meio à sacanagem e ostentação latente.
Pra começar, a chegada, surreal e tão real, de ônibus vindo de Goiás. Choque foi pouco, pois saí da minúscula Pirenópolis - com sua paz, beleza natural e construções históricas – direto para a jovem e ultra moderna capital do país. Só que essa modernidade, como suspeitava, só é acessível aos ricos. Entra-se em Brasília por uma área nobre cercada de muros: um monte de condomínios luxuosos com mansões mirabolantes. Pouco depois chega-se na Rodoferroviária, ampla mas um pouco descuidada. Só que ali é longe do centro. Preciso tomar um outro ônibus para atingir a Rodoviária do centro, perto de onde ficarei hospedado, no setor hoteleiro norte. 15 minutos e estou na Rodoviária do centro, pois não há trânsito em Brasília graças às suas enormes avenidas com jeito de estradas. Só que chegando lá parece que estamos em pleno Largo da Batata de Sampa: um lugar sujo, cheio de pontos de ônibus com filas imensas. Tradução? Os espaços amplos são apenas para quem tem carro e dinheiro.
Meu hotel é quase uma piada, um dos mais antigos da cidade, dois andares só, parece uma caixinha de fósforo, mas é uma caixinha honesta, quarto pequeno mas limpinho, bom café da manhã e serviço. Ao redor dele, dezenas e dezenas de megahotéis de mais de 20 andares, todos com nomes estrangeiros, muitos de cadeias gringas. Calor humano: zero. Mas o pessoal abastado deve adorar os setores hoteleiros sul e norte (são colados um no outro), pois devem sentir-se em plena Miami, sem mar. Há muitos shoppings vizinhos também, mais um ponto para o padrão e estilo de vida de quem tem grana. E ali pertinho – dá pra ir a pé se você não for preguiçoso ou magnata a preferir os caríssimos táxis da cidade – está a Esplanada dos Ministérios.

Congresso, ministérios e a catedral (direita)
A Esplanada, além, obviamente, de todos os ministérios, traz a catedral (é arte moderna aquele prédio horroroso?), belos museus e pontos culturais no estilo do grande arquiteto Niemeyer e lá no fim dela o dito cujo, o caramunhão, o coisa ruim chamado Congresso Nacional. Um prédio maravilhoso, sim, mas que dá ânsia por saber quem lá habita e trabalha...
Isso tudo é o centro de Brasília, todo feito de coisas enormes, não há pequenos comércios e bares de rua (no máximo, lojas de conveniência de postos e um ou outro boteco), não há ruazinhas pequenas acolhedoras, tudo ali é mega.
Mas cadê a beleza, Zé? Tirando as linhas incríveis criadas por Niemeyer, beleza mesmo eu sabia que só podia estar nas margens do imenso lago Paranoá, artificial mas com vida. Ia chegar até lá pela magnífica ponte JK, mas a vendedora de sorvetes (sim, tava um calor gostoso lá, 28 graus em pleno inverno) disse que ao anoitecer o negócio fica perigoso.
No dia seguinte, como eu não queria pagar um city tour que me levaria aos mesmos lugares em que cheguei a pé, fora o lago, me deu o estalo de conhecer a UnB, a universidade federal de Brasília, que alguém, não sei quem, tinha me dito que era bonita.
Na mosca. Cheguei na UnB por 2 reais (o táxi queria 25 pilas) e conheci uma belíssima cidade universitária muito maior que a nossa USP e com prédios muito mais bonitos e modernos. Diferente do concreto puro da USP, os prédios ali permitem a interação com a natureza com jardins internos colados às salas de aula. E o verde se faz presente entre cada faculdade com uma conservação e lugares para se ficar morgando em grande variedade. Melhor ainda foi descobrir que algumas faculdades, como a de Educação Física, fica nas margens do lago Paranoá, e cheguei então até ele, após passar pelo amplo mas detonado centro esportivo e centro olímpico. O lago encanta, mas fiquei revoltado com o abandono das instalações esportivas, o que é assunto para outro post futuro.

Instituto de Ciências, UnB
Antes de voltar pro hotel, saltei de um ônibus, do qual desisti da viagem, depois de discutir com a pior espécie da cidade, os cobradores, escrotíssimos quase todos, conheci o amplo restaurante universitário em que comi um belo arroz, feijão, farofão, carne de panela e purê delicioso de abóbora (mais suco e sobremesa de frutas) pela bagatela de 5 pilas, preço de um café com leite no shopping ao lado de meu hotel. Ah, e ainda tomei um café na gostosa cafeteria dando pra área verde ao lado da livraria da universidade.
Duro foi voltar pro centro fake modernete e ostensivo e fazer a bobagem de ir embora no dia seguinte, pois não podia mais mudar minha passagem de avião até Belo Horizonte, onde cometeria a máxima estupidez de chegar no dia em que o Atlético massacrou o São Paulo... Mas pelo menos pude curtir na TV como Verón e Cia engoliram o Cruzeiro com a velha manha e toque de bola argentino.
Não percam Brasília, ainda volto lá pra curtir melhor a UnB, o Parque da Cidade e a Colina (esse lugar, vi um pouco, bairro vizinho à universidade, residencial, predinhos baixos com áreas verdes, aqui um certo Renato Russo reinventou o rock brasileiro...).

Fac. de Educação Física. Pista de atletismo detonada (uma das duas), lago ao fundo

quinta-feira, julho 23, 2009

Amigo


Amigo é isso.
O resto participa de alguns momentos importantes e depois some no egoísmo dessas vidas individualistas e na crueldade do tempo.
O resto é colega, mero conhecido.
Amigo é outra coisa.
Amigo - de fé, do peito, irmão camarada - é o que esses caras transmitiram, sem vergonha de fazê-lo, para um país inteiro.
Sem vergonha de demonstrarem um pro outro a emoção que é sentir afeto profundo pelo grande amigo há tanto tempo. E para sempre.
Podem falar o que quiserem do Rei, taxarem-o de brega, paranóico e podem falar que Erasmo é apenas um velho roqueiro fora de moda.
Tristes tempos em que as pessoas, cada vez mais frias, céticas ou se achando modernas, não se emocionam com um troço cabuloso desse.
Só sei que, deitado na cama, vendo o show em uma TV pequenina, em uma cidadezinha escondida nos fundões de Goiás, tive que engolir em seco, evitando as lágrimas.
Na verdade, elas chegaram, sim, dentro do peito, lembrando dos poucos mas verdadeiros Amigos que tenho.
Amigos com o sentido dessa canção, a mais bela sobre amizade da história. Obra de Roberto e Erasmo.
Como é possível não gostar desses versos e da emoção sincera desses caras? E me diga, quem a critica: alguém já viu uma dupla mais que famosa chorando no meio de um show, como aconteceu com esses dois?!
Amigos de verdade sabem o valor e afeto de um palavrão numa hora dessas, por isso lá vai um sincero PUTA QUE PARIU!, como esses caras podem seguir emocionando a gente depois de tanto tempo?!
PS - Esperem lá pelos 4 minutos e 20 desse vídeo, quando Erasmo entra no palco e eles começam a cantar juntos.

terça-feira, julho 21, 2009

Um lugar de outro tempo


Certos lugares precisam “ser chegados” de noite. Foi assim que cheguei nessa pequena cidadezinha encravada no meio das montanhas Pireneus, em Goiás. Cheguei no escuro, silêncio e pacatez da mini rodoviária, pequenina mas limpa, bem cuidada e pintada. Andei um pouquinho e encontrei a dois quarteirões uma aldeiazinha suspendida nas alturas e no tempo, bela como a lua cheia que quase encostava no teto das casinhas todas coloridas. Romântica e dourada como as iluminação amarelada - tênue, suave – que envolve toda a cidade em uma rede tão diferente do clarão ofuscante das cidades grandes. Como se Pirenópolis – esse o nome do tesouro - fosse uma grande rede de luzes de velas a embalar nossas noites e trechos de vidas que passam por lá. Mais um pouco de caminhada e descobre-se o valor de suas ruas de pedras, suas árvores, da igreja no topo da cidade, do rio limpo lá embaixo, das pracinhas sem nenhum papel no chão, das ruazinhas estreitas com cantinhos gastronômicos deliciosos - simples ou mais requintados – e muros de pedras que nos fazem achar até que estamos num pedacinho do maravilhoso bairro de ruazinhas íngremes de Monastirak, em Atenas, Grécia. Talvez também porque Pirenópolis é tão bem cuidada e preservada como as mais belas belas cidades europeias. Com a diferença de que uma pousada com hospedagem digna de cinco estrelas custe ali por volta de 80, 100 reais o quarto. Como a belíssima pousada Vila Isabel, quase em frente da Rodoviária, com uma ampla área de piscina, jardins, quartos-suítes enormes e ainda com varanda com rede dando pros jardins e piscina e uma tranquilidade de acalmar o espírito mais machucado ou estressado.

Grécia em Pirenópolis
Além da beleza única da cidadezinha, há ainda os passeios para as cachoeiras e montanhas para os mais caminhantes e radicais (as trilhas não são nada fáceis).

Uma das cachoeiras do Bonsucesso
Dá até para ver umas vaquinhas no caminho e sentir o cheirinho do mata. Depois, na hora da boia, para a pança dos de grana mais curta, um achado raro e saborosíssimo: um megasalgadão de forno que vale por 3 big qualquer coisa dessas fast foods insossas e caríssimas. O famoso empadão goiano, uma empanada muito melhor e maior que aquela da Vila Madalena e que geralmente traz recheio de frango, legumes e palmito. O preço? 5, 6 pilas!

Pirenópolis foi o melhor calmante para minhas férias meio atrapalhadas e cansativas (ainda passei por Goiânia, Brasília e Belo Horizonte), devia ter ficado mais por lá. Um lugar tão paz e belo que até os contratempos sonoros a gente até superava e nem sentia.
Contratempos como a pergunta que fiz ao chegar na pousada chique, bela, ultraconfortável, com café da manhã especial e preço camarada:
- É tranquilo aqui?
- Opa, um silêncio de dar gosto, um sossego só e só temos dois casais hospedados; respondeu o cara da recepção.
O cara só esqueceu de dizer que além dos casais a pousada hospedava também as seleções francesas de futebol de todas as categorias... Honrando o símbolo da camisa da França, havia galos, galinhas e filhos de todas as idades. Resultado? No meio da madruga, seu Zidane e Cia, começam a tentar acordar Goiás inteiro. E como se tratava do invocado Zidane, o negócio parecia um duelo de matar ou morrer de final de Copa do Mundo. Pensei até em sair do quarto e dar um chega pra lá no rei do pedaço, mas aí lembrei do Matterazzi e achei melhor deixar quieto, ainda mais porque Zidane, Thuram, Ribery e amigos traziam as famílias de filas de “japoneses” junto, se é que me entendem...
Mas o lugar era tão astral e bem cuidado que nas outras noites o campeonato mundial de cocoricós turbinados só dava uma leve quebradinha no ronco, uma leve risada, “porra, Zidane, de novo?!” e o sono voltava pra depois ser abençoado com o leite, pão de queijo e outras iguarias mais gostosas que tomei e comi nos últimos anos.

Zidane preparando mais uma cabeçada
Não percam a magia de Pirenópolis, e tentem ir acompanhados, o lugar é perfeito pra isso! E aproveitem que menos de duas horas dali fica uma tal de Brasília, a capital da corrupção que eu não queria conhecer mas que acabei curtindo e onde descobri belezas formidáveis, que contarei depois.

Eita vida dura...

sexta-feira, julho 17, 2009

Tri há só um


Ontem, na minha chegada a Belo Horizonte, os atleticanos não paravam de buzinar e gozar os cruzeirenses, abatidos pela perda em casa da Libertadores. Uma perda doída porque os mineiros foram atropelados pela raça e técnica muito maior dos argentinos. Quem entende de futebol sabia muito bem o tamanho das bobagens que Galvão Bueno falava antes do início do jogo, dando favoritismo ao Cruzeiro, como acreditavam os próprios jogadores e dirigentes mineiros, que até já pensavam em planejar como reforçar a equipe para Tóquio. O que se viu então no Mineirão, na noite de quarta-feira, foi um banho dado pelo Estudiantes, um banho de futebol de toque envolvente, muita garra e sim, porrada, porque final de Libertadores é coisa pra macho. Galvão esqueceu também que em uma grande final, favorito é o clube que tem um grande craque. E ressaltar o papel e valor de um grande craque que ainda é um deus da raça. Falo de La Brujita Verón, é claro, o homem que engoliu o Mineirão abarrotado de 61 mil cruzeirenses e fez a torcida do Estudiantes, 3 mil loucos, cantarem mais alto que a massa azul em muitos momentos da final. Foi Verón que impulsionou seu time à frente (sim, Galvão, os argentinos vieram pra jogar compactos, e não fechados atrás, como você acreditava) e contou para isso com a parceria de belos meias e atacantes insinuantes, que partiram pra cima e acabaram com a frágil defesa azul. Ao Cruzeiro restou esperar algum milagre que Kleber, bem marcado, não fez.
Justiça feita ao melhor time.
Justiça feita à verdade brasileira em Libertadores: só há um único Tri, o São Paulo.
PS – Torcedor fanático é uma espécie completamente imbecil. Sim, conhecer o Mineirão é uma experiência incrível, mas ir lá pra ver o nojento grupo do São Paulo ser massacrado pelo Atlético e suas 54 mil vozes ensandecidas ontem foi a pior experiência da minha vida, mas isso é assunto para outro post em breve, quando voltar a Sampa.

segunda-feira, julho 06, 2009

Tocando em frente


Hora do pé na estrada. Pé no interior mais profundo. Pé livre a seguir o mato, boiada, rios e montanhas. Pé desejoso de se embrenhar no Brasilzão mais real. Mais Brasil. Para reencontrar os sons mais vivos, as cores mais berrantes da natureza sendo celebrada pelos berrantes dos peões e canções dos violeiros (e se Deus ajudar, com as prendas no caminho, claro!). Amanhã, 7 de julho, saio de Sampa para redescobrir o Brasil central. Goiás. Mas como ninguém é de ferro e roqueiros precisam de combustivel antes de seguir a comitiva, no meio do caminho terá Goiânia e um pit stop irresistível: "Zé, o ex-baixista dos Ramones toca aqui na quarta, você quer ir", pergunta a Paty. Alguém desconfia da resposta?
Boas férias a todos, e se o mato tiver net, a gente atualiza, caso contrário o blog só volta depois do dia 20.
MUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU!!! (ops, vazou o treino pra chamar elas, as vaquinhas)

sexta-feira, julho 03, 2009

Acabou o Mundial



Maria Clara e Carolina Salgado, filhas da eterna musa do vôlei, Isabel, estão fora do Mundial de Vôlei de Praia. Perderam hoje. Uma lástima! Mas logo logo elas estarão treinando pertinho de nós, na mais bela rede do posto 10 de Ipanema.

quinta-feira, julho 02, 2009

Perfeição


Um dos títulos mais incontestáveis da história. Um domínio raras vezes visto falando em mata-matas. Um dos times mais equilibrados já montados no Brasil. Um treinador que não inventa e ainda resgata um dos esquemas mais ofensivos da história do futebol, o 4-3-3. E logo um treinador com a injusta fama de retranqueiro, pois poucas equipes no futebol brasileiro jogam tão para a frente como o Corinthians. Por isso que após uma pequena pressão inicial do Inter os alvinegros logo começaram a imprimir seu jogo de toques rápidos e certeiros. Sim, toques certeiros, porque Elias, Christian e Douglas, os homens que lançam a equipe ao ataque, ajudados pelos laterais Alessandro e André Santos, raramente erram passes curtos. E preste atenção nesse último detalhe, obra também do grande treinador Mano Menezes: não há alas no Corinthians, há, sim, laterais à boa moda antiga, que marcam e atacam com a mesma eficiência e vitalidade. Não foi à toa que André Santos cruzou na medida para o gol do título, do baixinho Jorge Henrique (ganhando de cabeça do enorme Danny Moraes...), e depois ainda fez um golaço, invadindo a área e fazendo o 2 a 0, quando eram passados apenas 28 minutos do 1º tempo!
Num meio com tantos “gênios” da tática e múltiplas variações de esquemas e posição de jogadores no comando de times e na mídia esportiva, o Corinthians joga num 4-3-3 infernal afinadinho, de desenho animado. O diferencial é que os dois volantes sabem sair jogando, e como sabem!, e entre os três atacantes (isto mesmo: o alvinegro joga com três atacantes enquanto muito time brasileiro usa, no máximo 2...), Dentinho e Jorge Henrique ajudam demais na marcação; em especial o baixinho guerreiro Jorge. O autor do gol do título da Copa do Brasil é muito mais ativo e importante para a sua equipe que um Borges, Washington e Dagoberto juntos, só para comparar com os cones do São Paulo. E ainda há Ronaldo, que mesmo quando muito bem marcado (como ontem), abre buracos na defesa adversária, deixando seus companheiros livres e ainda enfia aquela bola magnífica para a chegada mortal de André Santos, no segundo gol.
Terminado o 1º tempo, fui dormir (já estava fora de casa, no 12º andar do apê de minha santa tia, equipado até com janela anti-ruído) para não escutar os fogos de III Guerra Mundial e alguns malas que certamente buzinariam em minha casa. O título já era do Corinthians. Se fiquei revoltado e pê da vida? Não. Porque não se tratava daquela camisa verde, a que realmente não suporto. Porque o Corinthians, mesmo inimigo dos inimigos, faz o que poucos times brasileiros fazem: joga bola, tocando bonito, envolvendo os adversários com velocidade e jogadores que não erram passes bobos (alguém falou em Richarlyson?????). Tanto se fala na garra corinthiana, no 12º jogador, no virar jogos impossíveis, mas a marca do time de Mano Menezes é diferente da própria tradição do clube: é o futebol com muita garra e aplicação, sim, mas com beleza, com arte. Um time que tem André Santos, Elias, Christian, Douglas (o famoso falso lento, faz a equipe correr com passes perigosos) e, claro, Ronaldo, tem que ser valorizado pela arte. E nem falei num zagueiro que deve passar horas treinando faltas e pênaltis, Chicão.
Parabéns ao time que mais jogou futebol (o de verdade) este ano, justíssimo tricampeão da Copa do Brasil. A nós, secadores, resta torcer para Ronaldo não aguentar tanto treino e concentração e largar a vida de super craque decisivo antes da Libertadores 2010. Com ele, Mano e Cia, fica difícil esse time não levar a Copa das Copas.
PS - Faltou falar em outro grande responsável por esse grande time: o goleiro Felipe. Se não fosse tão estrelinha e mascarado, estaria certamente brigando pela camisa 1 da Seleção com Julio César.

quarta-feira, julho 01, 2009

Vai, Colorado!


Não sei por que, mas sou Colorado desde criancinha. Missão quase impossível, mas dá pra deixar elas tristes???