segunda-feira, agosto 10, 2009

Voltou


Leio hoje no Jornal da Tarde que “o campeão voltou” porque voltou a jogar com pegada no meio-campo marcador e precisão nos cruzamentos (dois gols de cabeça ontem) como nos tempos de Muricy. Incrível a pobreza intelectual e de espírito de alguns jornalistas. Porque o São Paulo de Ricardo Gomes, que vi ontem ao vivo no Morumbi, resgatou algo que os times de Muricy jamais tiveram: toque de bola. Envolvemos o Goiás porque nossos alas, volantes que sabem jogar e Dagoberto trocaram passes e tabelas o jogo todo. Dominamos a partida porque pressionamos jogando bola, com toques rápidos, disparadas, troca de posições etc. Sim, fizemos dois gols de cabeça, mas mandamos três bolas no travessão, duas delas após bonita trama coletivas (na primeira, entre Dagoberto e Júnior César) e individual (Dagoberto, penetrando na área e fuzilando). Fora o sem-pulo de Richarlyson.
O campeão voltou mas é na verdade um outro campeão, um novo São Paulo. Um time com a mesma força na marcação dos tempos de Muricy (o esquema é o mesmo, 3 zagueiros) mas muito mais envolvente. Muricy explorava seu futebol de um truque só, a bola aérea. Ricardo Gomes treina e faz seu time jogar por todos os cantos e, predominantemente, com a bola no chão. Dois gols de cabeça ontem foram detalhe, basta pensarmos nos outros gols que fizemos nas partidas anteriores.
Destaque maior ontem para dois nomes: Jorge Wagner, que armou, desarmou, deu assistência, fez gol e deu o sangue em todas as partes do campo. Foi o grande comandante da equipe. Talvez porque não tenha mais, como nos tempos de Muricy, que passar o jogo todo chuveirando na área. O outro nome é um mea culpa para todos os que o julgaram antes de começar a trabalhar: Ricardo Gomes. O cara que resgatou a tradição de toque de bola e jogadas em alta velocidade do São Paulo. O cara que fez a torcida voltar a gritar com alegria como não fazia desde os tempos da Libertadores de 2005. Porque fomos tri brasileiros com Muricy jogando feio. Agora podemos voltar a apreciar o futebol como ele sempre deveria ser: uma arte. E Ricardo ainda conseguiu tornar o São Paulo um grupo unido, superando até as desavenças entre seus atacantes ao, espertamente, titularizar Washington, mas dar um bom tempo no 2º tempo para Borges jogar e marcar. Coisas de um mestre?

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