terça-feira, setembro 28, 2010

Não há nada igual

Não existe modalidade mais emocionante e dramática. Em segundos, às vezes em um segundo apenas, ou em até menos tempo, tudo muda. A loucura chamada basquete pede o clichê, que é pobreza de estilo mas muitas verdes uma verdade incontestável: o basquete é uma montanha-russa supersônica de altos e baixos em reviravoltas espetaculares. Aconteceu de novo hoje com a fraca seleção brasileira feminina que joga o Mundial na Repúblic Tcheca. Fraca mas não é por isso que o que elas fizeram hoje não possa ser valorizado. Mesmo contra as baixinhas japonesas, a emoção insana dessa modalidade que é vertigem pura nos envolveu diversas vezes. Perdíamos o jogo por 3 pontos quando no último ataque a veterana Helen Luz atacava, bola dominada em suas mãos hábeis e equilibradas, e avançava em direção à cesta rival. O tempo corria rápido (sempre corre no basquete, mais rápido que em outras modalidades pois há apenas 24 segundos para se definir uma jogada em cada ataque), 10, 9, 8, 7, 6, 5, Helen para na boca do garrafão procurando quem vai servir ou se vai ter espaço para ela mesma decidir. 4,ela consegue iludir uma marcadora e passa a Silvia, 3, 2, Silvia pega a bola, e pouco antes do 1 chuta de três pontos e empata a partida milagrosamente, vamos para a prorrogação.
A loucura prossegue na disputadíssima prorrogação, quando até a despirocada e afobada Iziane começa a acertar jogadas e arremessos sensacionais (como uma infiltração á velocidade da luz e um chute de 3 cabuloso), Helen manda outra pra 3, o tempo passa, o Japão passa na frente com erro brasileiro, mas depois elas que erram, passamos à frente, a prorrogação vai acabando, Brasil um ponto na frente só... o Japão tem a última bola, faltam menos de 8 segundos, a moça de olhos puxados avança, chega perto do garrafão, prepara o arremesso e centésimos de segundo depois que a bola sai da sua mão, leva um toco da melhor jogadora brasileira disparada, a pivô Érika. O Brasil vence. Lava a alma. Se vencerem mais uma chegarão às quartas de final e esconderão um pouco os vexames que já demos nesse Mundial. Esconderão também a péssima estrutura e organização do basquete feminino do país (ver mais no blog Rebote, no site Globo.com).
Só não esconderão essa maravilha proibida para cardíacos chamada basquete, o esporte mais eletrizante e imprevisível criado pelo homem.
Que outro esporte pode fazer o nosso coração disparar assistindo a breves instantes, como fiz hoje na hora do almoço.
Um segundo é uma vida no basquete, como percebeu Silvia hoje.

domingo, setembro 26, 2010

Pausa feliz


(Como o tempo anda escasso pelos trabalhos e isso aqui anda meio abandonado, nada melhor que fazer uma pausa com o seriado mais engraçado da tv mundial. Sheldon, o louco nerd viciado em cultura pop, e a musa Penny, a loura que não é burra, sempre impagáveis)

sábado, setembro 18, 2010

A Companhia Fundamental


Por que sempre lembramos de pessoas especiais quando os olhos marejam e a garganta embrulha ao encararmos cenas difíceis em “simples” filmes? Por que a dor dos personagens ou a alegria máxima deles desviam nosso olhar interior para as pessoas que nos marcaram? Será que essas pessoas  sabem que elas nos marcaram de alguma forma e que em momentos críticos lembramos, muito, delas? Mas por que sentimos uma enorme vontade, até necessidade, de procurá-las e não o fazemos? Por que o filme que dispara nosso coração ou quase o faz parar não nos acorda e faz restabelecer contatos que o tempo empurra para tão longe?
A profissão de Jack é uma guerra diária, mas uma batalha muito mais nobre do que soldados lutando guerras. Jack é um bombeiro, enfrenta o caos de prédios desmoronando em chamas para salvar vidas. Jack é um herói e sua coragem e vida dramática no trabalho, junto da sua família maravilhosa e amigos do peito tão fiéis vão nos envolvendo como se o conhecêssemos. Como se fosse um amigo. Como se fosse uma daquelas pessoas tão boas que um dia foram tão presentes ou nos ajudaram ou ensinaram em breves momentos eternos.
Jack parece ainda mais real porque atrás dele está um dos atores mais viscerais – emoções explodindo em seus olhos que dizem tanto – que o cinema já teve, Joaquim Phoenix; ele mesmo, o gigante em humanidade que já nos deu a poderosa cinebiografia de Johnny Cash.
Jack tanta engolir a dor e o medo ao ver um companheiro de trabalho mais que ferido; ou ao perceber o misto de pavor e admiração da esposa por seu trabalho tão arriscado.
Jack é um herói.
Jack é todo aquele que em algum momento se preocupou com a gente e estendeu a mão no meio dos incêndios recorrentes que temos que apagar nesse grande prédio chamado vida. Um edifício que vamos construindo sem nunca acabar como se fosse a catedral inacabada de Gaudí em Barcelona. A catedral que o gênio espanhol batizou de Sagrada Família.
Sagrada Família que é você, você e você, e tantos outros e outras, meus amigos, minhas musas e amadas que um dia significaram tanto.
Graças que filmes simples, mas marcantes como a Brigada 49, nos lembram que o significado persiste.
Persiste dentro da gente como o bombeiro que, assimilada a tragédia, vai de novo entrar num prédio em chamas. Porque há sempre alguém a salvar.
Um alguém que pode ser nós mesmos.

Lembrem que bombeiros trabalham num coletivo, numa Companhia chamada Brigada. Uma briga de companheiros que trabalham juntos pela vida.
Mas esse “juntos” só pode valer se as pessoas distantes lembrarem como é bom um reencontro.
Quem quiser erguer um brinde à vida, ao passado e ao futuro que tenha a beleza de tentar rever os seres especiais que um dia passaram por vocês.
Rever de verdade, olho no olho, abraços mais abraços, mãos apertadas e palavras trocadas. Podem começar com um simples mas poderoso telefonema.
Façam isso enquanto o mundo não vira um grande emaranhado de meras mensagens, scraps, virtuais.
O virtual não permanece.

* Dedico esse texto ao jovem Henrique, um ex-aluno brincalhão que a gente achava meio maluco. Um dia ele virou pai. Um dia ele amadureceu. Um dia ele me reencontrou, no pouco tempo em que tem para voltar ao Brasil, e me disse como nossas aulas foram importantes. Henrique sempre foi daqueles caras transparentes e bom coração. Talvez por isso ele hoje esteja trabalhando como bombeiro.  

  

quinta-feira, setembro 16, 2010

Caráter não tem idade

Na primeira vez em que ele humilhou um adversário (o chapéu, fora de jogo, em Chicão) muitos disseram que foi apenas irreverência. Suas paradinhas debochadas nos pênaltis os mesmos defenderam como arte, habilidade e atacaram até a FIFA, que acertadamente acabou com essa covardia contra os goleiros. Enquanto isso suas "gracinhas" - como bem definiu Ronaldo, o eterno Fenômeno (o presente não apaga o Mito) - nas comemorações dos gols só cresciam e irritavam os adversários. Os defensores seguiram com a balela, chamando as dancinhas pejorativas de alegria. Por isso tudo, a máscara de Neymar foi aumentando cada vez mais.
A máscara e seu hábito de humilhar adversários mesmo quando a bola está parada, como fez de novo ao dar um balãozinho, há duas semanas, em Marcinho Guerreiro, do Avaí. Neste mesmo jogo contra os catarinenses Neymar debochou dos rivais dizendo-se um "milionário" enquanto os rivais não são. O mesmo raciocínio estúpido foi usado em menor escala, mas com o mesmo tom de superioridade de quem ganha mais, pelo goleiro reserva do Santos no famoso episódio do Twitcam, em que o goleiro disse que o salário de um torcedor era menos do que ele gastava com a ração de seu cachorro.
Ao mesmo tempo, Neymar ainda continuou com suas seguidas encenações ao se jogar em qualquer contato físico, mais duro ou não. E quando tomava faltas, dizia-se perseguido, no que foi defendido também por muitos jornalistas que diziam que a sua arte estava sendo caçada com violência.
Sim, Neymar tem muita arte, como há muito não se via no futebol brasileiro, seus dribles são impressionantes e ele sabe ser objetivo com essa habilidade, quando quer. Só que Neymar prova a cada jogo e semana que sua arte parece do mesmo tamanho de sua debilidade de caráter. "Ah, é só um menino, um jovem imaturo", o defenderão de novo. Esquecem que decência não tem idade. Pessoas amadurecem, mas não mudam de caráter, a não ser nas novelas da Globo em que vilão vira mocinho da noite pro dia.

O caso é que ontem Neymar finalmente ganhou sua medalha de ouro em estupidez, indignidade, desrespeito e todas as outras faltas truculentas em caráter. Ao atacar (xingar mesmo) o treinador que sempre o apoiou e defendeu, o cavalheiro Dorival Junior (personagem tão raro no sujo futebol brasileiro), Neymar tirou o disfarce de vez.
Por muito menos, vivo estivesse, o grande Nelson Rodrigues, já o teria chamado com a palavra certa, aquela que rima com navalha.
PS - Neymar chegou tão longe que no seu chilique (mais um de uma série incontável, mesmo ainda tão jovem na carreira) que até a torcida do Santos não duvidou de que lado deveria ficar ontem. Do lado de Dorival, que teve seu nome gritado contra o craque. Contra uma das mais nojentas série de atitudes tomada em um só jogo por um jogador de futebol. E eu que criticava tanto Robinho. Perto dele, o Máscara do Milan anda parecendo garoto traquina do jardim de infância. 

segunda-feira, setembro 13, 2010

Uma praia chamada memória


Ela me chamou de volta quando eu mais precisava. Ela, a praia que me dá o sonho completo: trabalho com prazer, ondas e o horizonte amplo de areia, mar e céu que tanto acalma o espírito, sobretudo para um paulistano.
Ela, a praia que me faz, pelo menos a cada sexta-feira, esquecer do coração vazio. A praia que me devolveu a incomparável bateria de não sei quantos mil volts chamada surfe.
Ela, a cidade de pessoas mais simples e por isso talvez mais sábias. Como pode alguém que se demitiu de uma escola ser chamado de volta para dar o curso que quer, do jeito que quer? Só mesmo em Santos e seus homens e mulheres que enxergam a Educação de uma forma mais clara, pura e bela.
Aconteceu em agosto. Na minha volta fui recebido, na praia e cidade vizinha que adotei como lar, com pequeninas ondas que agigantaram meu coração e resgataram aquele sorriso espontâneo que invade a mente e alma a cada session. Que purificam. E como é bom, depois da session, encontrar alunos e alunas tão especiais, tão espirituosos, divertidos e profundos como a melhor onda do dia. Sim, estudantes são ondas quando nós, professores, surfamos juntos. Quando compartilhamos.
Há algo mesmo diferente na praia que não esquece. Um lugar tão mágico que realizou um sonho quase impossível para qualquer professor: voltar a dar aulas para uma aluna tão especial. Uma ex-aluna, de outra escola, que agora, na oficina de sexta-feira, voltou a ter aulas comigo. Porque ela não esqueceu.
Porque outros e outras também não esqueceram, e voltaram a me encontrar. Sim, eles querem aprender dicas de como se sair bem na redação do Enem e dos vestibulares mas sei que não é só isso. A gente sente a diferença em simples alunos e surfistas da vida. A gente sente a diferença de simples aulas para encontros. Sim, é essa a palavra: encontro. Toda sexta-feira um professor chega lá na ponta da praia, recarregado de surfe e vida, para o grande encontro, para a gostosa reunião com os surfistas-aprendizes do colégio Universitas. Uma molecada diferente, tão vivente em cada olhar, pergunta e brincadeira. Garotos e meninas com objetivos claros de entrar numa boa faculdade mas sem perder a rara capacidade de transmitir ternura e alegria em uma simples oficina de redação.  
Alegria que prega na pele, ainda mais com a belíssima session desta sexta, swell ainda forte, um metro abrindo e debaixo de meus pés a velha pranchinha que eu tinha deixado um pouco de lado por uma prancha nova que ainda não dominei.
A velha pranchinha me deu então seu belo e vital recado: não me esqueça, olha o que eu ainda posso fazer...
O que ela pode fazer ainda? Passear comigo, brincar nas ondas, deslizar com rara velocidade, manobrar com força, tudo em total sintonia. E olha que ela me deu isso em um pico diferente, ao qual não estávamos acostumados, não na minha querida Itararé, mas em Santos mesmo.
É bom demais termos uma história juntos. Já curtimos e amamos as sessions mais inesquecíveis. É, a ânsia pelo novo nos faz deixar de lado o que nos deu tanto amor e alegria. Por que abandonamos uma prancha por causa de algumas quedas ruins? Por que culpamos a prancha em vez de nossos próprios erros?
Por que abandonamos não só as pranchas-companheiras mas também as pessoas importantes em nossas vidas? Por que o homem e a mulher deixam de lado quem ainda lhe poderia dar tanto afeto e experiências?
Graças então que essa praia não esquece. Graças que ali existem educadores, surfistas e jovens fiéis.
Como é bom voltar toda semana à uma praia e pessoas com uma memória do tamanho e beleza de seus corações.
Por que não percebemos que a vida e o amor podem ser tão simples e profundos como uma canção?
"I need your lovin´like the sunshine, everybody´s gotta learn sometime..." 

sábado, setembro 11, 2010

Isto é basquete


Faltavam cinco décimos de segundo. O sonho da maravilhosa e apaixonada torcida turca, 15 mil pessoas, se desvanecia frente ao fantástico time sérvio. Mas o que é menos de um segundo no basquete? Tempo suficiente para uma última tentativa, uma última cesta, um último sonho... realizado. Amanhã o mundo torcerá para a Turquia contra os pelés do basquete, os EUA.
* Um apaixonante texto, de Danielle Rocha, sobre a incrível semifinal vencida pela Turquia você pode ler aqui

quinta-feira, setembro 09, 2010

Pequena grande história


Dois garotos que amam a mesma menina, confusa mas cheia de vida, irresistível; ela ainda canta... Um adolescente que não conhece o pai, fotógrafo humanista que o abandonou ainda na barriga da mãe para tentar salvar o mundo. E 15 anos depois tenta estabelecer contato com o filho e mostrar-lhe a diversidade e riqueza do mundo. Uma pequenina cidade gaúcha tão distante das alternativas e experiências que o mundo oferece, mas tão bela em sua simplicidade, belezas da natureza e nos valores mais genuínos de amizade, amor e família. Antes que o mundo acabe é um pequeno filme gaúcho (o premiado cineasta Jorge Furtado é um dos roteiristas) que parece inspirado na maior qualidade do rico cinema argentino: contar uma pequena história com delicadeza, profundidade e emoções nada apelativas.
Palmas também à diretora, Ana Luiza de Azevedo, que colocou sua visão feminina intimista e também solar em cima do gostoso livro em que se baseou o filme, de mesmo nome. A naturalidade dos adolescentes do filme, alguns deles já com a rica experiência de curtas-metragens na TV RBS, emprestam ainda mais veracidade e poesia a esse típico filme que nos faz sorrir e sonhar com uma vida pessoal mais calorosa e um mundo melhor. Corra pra ver antes que saia de cartaz.

quarta-feira, setembro 08, 2010

A canção dos 20 anos do Mito RC


It´s a long way to the top... O maior de todos os tempos sabe muito bem como é longo o caminho para o topo. Porque ele chegou lá e fincou, no Everest da bola, a bandeira do seu peito, a bandeira tricolor. O ponto mais alto chamado Título Mundial. Mundial que ele ganhou para o São Paulo com aquela que foi talvez a maior atuação de um goleiro na história do futebol mundial: o dia em que ele parou o Liverpool na final de 2005.
AC-DC, a banda preferida de Rogério e uma canção que tem tudo a ver com a trajetória deste goleiro e artilheiro fantástico. It´s a long way to he top, meus caros arquirrivais que não conhecem o topo do mundo. O topo que foi nosso três vezes, a ultima graças a esse mito vivo. Esse eterno camisa 1.
E como é bom ter um goleiro metaleiro, legítimo herdeiro do fãzaço do Iron Maiden, o grande Zétti que nos deu os dois primeiros títulos mundiais. O resto não conhece o topo, o resto é pagodeiro, funk e sertanejo pop de quinta categoria. Porque camisas 1 de verdade têm no número bordado nas costas um 1 que é igual ao raio dos deuses dos trovões do metal.
Enquanto os outros fazem batuquinhos em banquinhos e violõezinhos, nós fazemos solos de guitarra e gritos de campeão do mundo!!! Parabéns e obrigado por seus anos de Tricolor, Rogério!!!

terça-feira, setembro 07, 2010

Scola, erros e sumiço engolem o sonho brasileiro


   (Huertas e sua atuação monumental quase levaram o Brasil mais longe)
Os brasileiros não conseguiram parar o espetacular ala-pivô argentino, Scola, que dominou o garrafão ofensivo (de onde fez a maioria de seus arremessos) botando no bolso Tiago Splitter e, sobretudo, Anderson Varejão, para marcar 37 pontos (!). Outros 20 pontos do excepcional ala Delfino e um trabalho excepcional do armador Prigioni completaram a supremacia argentina, mesmo com uma guerreira atuação dos brasileiros, que jogaram de igual para igual nos acirradíssimos três primeiros quartos. O grande homem brasileiro foi o armador Marcelinho Huertas, 32 pontos, algumas roubadas de bola e cestas incríveis de 3 pontos. Leandrinho esteve bem até o quarto final quando repetiu a história de outros frustrados carnavais: começou a chutar de 3 no desespero e ainda perdeu a bola do jogo quando faltavam menos de dois minutos para o fim do jogo e perdíamos por apenas 2 pontos. Tinha a bola dominada mas perdeu-a com o seu habitual descontrole na hora H.
O treinador argentino do Brasil, Rubén Magnano, conseguiu de novo tirar o máximo da maioria de seus jogadores, colocando quase todos para jogarem bem (exceto Raulzinho, que não entrou, e o ET Nezinho, como sempre em outra órbita...), com determinação e aplicação. Mas Magnano não contava com o rendimento baixo debaixo da tabela de Splitter (10 pontos mas não conseguiu deter Scola) e, especialmente, do omisso Varejão (7 pontos), que se escondeu no quarto final e lutou muito menos que Splitter, que pelo menos conseguiu forçar muitas faltas em seus defensores.
Falta aos pivôs brasileiros também um décimo da manha de outro gigante argentino, o pivô Fabrício Oberto.
No final, nossos homens da NBA foram quem entregaram o ouro (Leandrinho e Varejão), mas pelo menos o Brasil voltou a ser respeitado, graças a Huertas, Splitter, Marcelinho Machado (10 pontos), Guilherme (7) e Alex.
Justo, porque esse envelhecido mas cirúrgico e matador time argentino é simplesmente vice-campeão mundial (2002) e campeão olímpico (2004). E ninguém é mais letal que Scola, que arremessa com toda a marcação em cima como se enfrentasse apenas vento, como se tivesse uma metralhadora em suas mãos impiedosas. É ele o grande monstro do Mundial até agora.

segunda-feira, setembro 06, 2010

A mística


Foi depois do fim do jogo. Após a improvável virada contra o Atlético Mineiro na terra deles. Após uma vitória duríssima de um time que desabou após a queda na Liberta e foi humilhado e virou motivo de deboche. Mas eis que o São Paulo parece renascer, muito por obra dele, que evitou derrotas e mais derrotas nos últimos jogos com defesas fantásticas e até com seu primeiro gol de falta no Maracanã, contra o Flu, domingo retrasado. Ele, Rogério Ceni, que completou hoje inacreditáveis 20 anos de clube. Ele, que ontem, terminada a partida, correu até a arquibancada em que estavam os sãopaulinos e pediu a bandeira do clube. Do seu clube. Do seu São Paulo. Do São Paulo que até ontem parecia ser só ele, mas que graças à força e liderança de Rogério agora parece estar se reconstruindo. E um dos símbolos da ressurreição talvez seja esse menino Marcelinho, que decidiu o jogo ontem com um gol e uma assistência (para Fernandão marcar com oportunismo) depois de dar uma meia lua no seu marcador.
Mas voltemos ao Senhor São Paulo, o Camisa 1. Ele pegou a bandeira e começou a tremulá-la feito um menino, feito um torcedor apaixonado. Que ele é.
O amor de Rogério Ceni ao São Paulo faz milagres.
A ressurreição mais espetacular de Jason está apenas começando...
PS - Dagoberto jogou ontem? Tem que ser muito "inteligente" mesmo pra questionar um cara chamado Rogério Ceni em pleno Morumbi...

sexta-feira, setembro 03, 2010

O maestro

O Brasil do excepcional treinador argentino Rubén Magnano terá a chance de ser grande terça-feira no jogo das oitavas-de-final contra a Argentina. Grande como foi ontem na belísisma vitória sobre  a Croácia, magistralmente conduzida por Magnano. Por que valorizar tanto um treinador, não são os jogadores que ganham jogos? O caso é que Magnano é um maestro na escolha do quinteto titular (Huertas, Alex, Leandrinho, Splitter e Varejão) e nas substituições ao longo de todo o jogo. Incrível sua leitura de jogo e como não deixa um jogador que começa a fazer besteiras abusar disso, logo sacando-o da quadra. Perfeita também a sua autilização do nosso habitual cestinha, Marcelinho Machado. Machado fica em quadra o tempo suficiente para fazer seus 15, 18 pontos de arremessos em geral de 3 pontos e logo é sacado, pois Magnano sabe que ele só é bom no chute, não sabe conduzir a bola, muito menos armar jogadas e também não tem o físico avantajado de um Alex para suportar muito tempo de entrega na marcação. E Magnano não é tolo como Lula, aquele treinador que deixava o Machado o tempo todo em quadra.
Falando em Alex, deve ser o jogador que fica mais em quadra pois sua raça, preparo físico, força, poder de penetração e equilíbrio (dificilmente o vemos perdendo bolas bobas ou inventando) o tornam quase um intocável nessa seleção. Quanto a Leandrinho, deve ter tomado uma dura do treinador: ontem deixou de tentar arremessos de longe (nunca foram seu forte) e tentar armar e concentrou-se no que tem de melhor: a marcação e as penetrações. Marcelinho Huertas? É outro que deve parar de inventar e apenas armar e procurar dar suas assistências, pois toda vez que tenta penetrar e lança a bola com uma mão só, ela dá aro, mas podem apostar que o Bigode lá do banco vai enquadrá-lo.
Splitter? No nível e cérebro de Alex, joga o seu jogo, de luta nos garrafão defensivo e eficiência no ofensivo. Falta Varejão, que é um monstro no garrafão defensivo (12 rebotes contra os croatas) mas incapaz de acertar uma bandeja no ofensivo. Sim, Splitter é o pivô mais ofensivo mas o Anderson não podia ter uma mãozinha um pouquinho menos torta na hora do arremesso? Fazer só 2 pontinhos num jogo em que o Brasil massacrou ontem não é um pouco negativo demais?
Tudo isso tem o dedo, podem apostar do campeão olímpico e vice-mundial com a Argentina, Magnano.
Que venham Scola (monstro, tem feito quase 30 pontos por jogo nesse Mundial), o excepcional Delfino e talvez o poderoso Oberto (recupera-se de uma gastroenterite). Vai ser duro demais mas podemos ganhar, porque o maestro trabalha em nosso banco.
Varejão, muito bem acompanhado pelas cheerleaders turcas