segunda-feira, outubro 04, 2010

Aprende, Brasil!

(Como me recuso a escreve sobre a lamentável entregada proposital do Brasil contra a Bulgária – perdemos por ordens do Bernardinho e conivência de nossos atletas – busco esse fantástico texto sobre os atletas e homens que merecem nosso respeito e admiração neste Mundial, os heroicos camaroneses. Enquanto o Brasil manchou o esporte e envergonhou o mundo, Camarões fez exatamente o contrário)
Um momento de ouro do esporte
Por Daniel Bortoletto (Lance, 2/10)
Verdadeiros leões indomáveis. O apelido da seleção de futebol, que encantou o mundo na Copa do Mundo de 90, na Itália, pode perfeitamente ser usado pelo time de Camarões também no vôlei, que no mesmo local mostra seu cartão de visitas para o planeta no Mundial.
A épica atuação na derrota por 3 a 2 para os Estados Unidos, atuais campeões olímpicos, me fez repensar como ver o esporte. Pode parecer exagero, mas os assuntos mais comentados nos últimos dias aqui na Itália foram negativos: regulamento feito para facilitar a vida dos donos da casa, fórmula que beneficia algumas derrotas e a possibilidade de seleções entregarem jogos por cruzamentos mais fáceis nas fases seguintes. Coisas que não combinam com o esporte que os camaroneses mostraram na quadra do Pala Rossini, em Ancona.
Vôlei de gente que joga por amor em quadras de terra no país africano, com salários irrisórios, que canta o hino abraçado com o companheiro do lado, com os olhos marejados, que bate no peito para agradecer pelo apoio dos compatriotas nas arquibancadas, que dá peixinho pela vitória em um rally disputado... E, para demonstrar o respeito por quem o aplaudiu de pé após a derrota histórica, sai de quadra diretamente para abraçar, um a um, os torcedores do país que ali estavam. E depois cantam e dançam juntos. Uma cena que nunca havia visto na vida. Que emociona pela pureza, como deveria ser o esporte em todos os momentos.
Pureza que os jogadores de Camarões voltaram a demonstrar na saída da quadra. Ídolos naquele momento especial, que vai marcar mesmo com derrota, eles voltaram à condição de fãs e foram pedir autógrafos e fazer fotos ao lado dos rivais americanos. O oposto Stanley era o mais assediado. Mostrando também como um jogador renomado deve se portar, atendeu a todos e admitiu:
- O esporte é fantástico por permitir experiências assim.
O técnico Peter Nonnenbroich, alemão de nascimento e camaronês por adoção, abusou da sinceridade para explicar o que seu time havia acabado de fazer;
- Podemos jogar mais dez vezes contra eles e nas dez não iremos repetir este feito. Se eu dissesse que iria levar o jogo com os campeões olímpicos para o tie-break, há alguns dias, vocês não iriam acreditar. E com razão.
Obrigado, sorte, por me permitir vivenciar esse momento.
PS - Camarões já foi eliminado, mas sua lição de amor ao esporte, coragem e dignidade jamais será esquecida.

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