sexta-feira, outubro 07, 2011

Porque Romário é mais ídolo, do povo, que Ronaldo

Os dois foram monstros do futebol, campeões do mundo e protagonistas de carreiras fantásticas. O sucesso deixou-os milionários, sobretudo Ronaldo, muito mais marketeiro e envolvido com seus patrocinadores que o Baixinho. Não é por acaso, então, que Ronaldo montou uma agência publicitária, de marketing, gerenciamento de carreiras e tudo o mais que dê dinheiro com o futebol. Virou empresário de sucesso e um verdadeiro tubarão caçador dos atletas mais renomados.
Romário optou por outro caminho. Homem mudado desde que teve uma filha com síndrome de down, decidiu fazer alguma coisa pelos portadores da doença e por mais pessoas. Entrou na política e foi visto, antes de assumir seu cargo de deputado federal, como mais uma celebridade aproveitadora querendo mamar nas tetas de uma das maiores vacas do mundo: a mimosa e malandra Brasília.
A desconfiança e as chacotas com o Baixinho cessaram logo que começou a trabalhar e falar. E como tem trabalhado e falado, mostrando a mesma postura letal e sem medo que tinha na grande área. Tudo que é nefasto em nosso futebol, e não só no mundo da bola, é alvo do Grande Baixo: Ricardo Teixeira, CBF, Copa 2014, reforma do Maracanã etc etc. Ele ainda é contra o voto secreto, pois acha que seus eleitores devem saber no que está votando. “Quem votou em mim quer saber no que eu estou votando, se eu sou a favor do certo ou do errado”
disse ele, em imperdível entrevista na revista da ESPN Brasil. Romário ainda diz duas frases poderosas. Ambas revelam a consciência de seu papel e missão, fato raro num homem que veio do mundinho alienado ou egoísta do futebol brasileiro:
A primeira: “Hoje eu sou, sem dúvida, muito mais ídolo que antes.”
A segunda: “Vocês nunca vão me ver envolvido em falcatrua, em corrupção. Nunca.” Sobre essa declaração, André Kfouri, filho de Juca, escreveu em sua coluna no jornal Lance: “É a obrigação de qualquer cidadão, por isso não deveria chamar a atenção. mas ao sair da boca de um político brasileiro, e de forma pública, é dessas coisas que a gente tem de ler de novo para ter certeza do que está escrita. A confirmação distingue, gera respeito. O deputado Romário está fazendo tudo certo. Em sua atuação como fiscal da Copa do Mundo de 2014, tem representado a parcela da população que não age como primatas de auditório.”
De outro lado, temos Ronaldo. Aquele que ao encerrar a carreira chorou e nos comoveu. Lembro de que dei aulas sobre o valor dele em minha matéria de Atualidades, na escola. Mas cobrei o ídolo em uma afirmação para a molecada: “O mais importante agora é ele cumprir a promessa que fez: a criação de seu instituto social que ele batiza de Criando Fenômenos.”
Sim, ao meu ver, quem tem muito dinheiro e, ainda o benefício de ser uma estrela, deve fazer algo pelos que não têm num país ainda tão carente como o Brasil. O caso é que Ronaldo prometeu e até, agora, nada.
É essa inércia que foi citada por outro colunista do Lance, Alexandre Lozetti no brilhante texto “O poder que Ronaldo tem. Mas não usa...”. Alexandre mostra que “Ronaldo prefere posar de garoto-propaganda do Itaquerão, faz graça com o uso do dinheiro público e vive de afagos com figuras como Andrés Sanchez e Ricardo Teixeira. O ex-corinthiano  já esteve ligado a atividades na ONU. Já atuou na Unicef. Seu trânsito é muito maior pelo mundo (que o de Romário). Seu pedo (no bom sentido), idem. Inteligência não lhe falta. Não falta nada a Ronaldo para ser um defensor do povo brasileiro também fora de campo. Ou melhor, parece faltar o essencial: vontade.
Ronaldo deveria proteger o torcedor, a quem agradeceu, emocionado, em sua despedida. Até 2014, há tempo para decidir se quer assumir sua relevância ou seguir pensando em benefício próprio e de tão poucos.”
Prefiro o conceito de parceria de Romário, parceiro do povo, da decência, da verdade e de um país melhor.
Prefiro a consciência do Baixinho, apresentada em outra resposta à ESPN, ao atacar a reforma do Maracanã: “Não dá para admitir que se gaste R$ 1 bilhão em um estádio e que num raio de 10 km tenha pelo menos três hospitais municipais em estado deplorável, que se recebessem 1% d valor da reforma poderiam ser inteiramente renovados, em aparelhagem, capacidade de profissionais, qualidade dos leitos e tantas outras coisas.”
PS – Quem quer se informar sobre a verdade do esporte no Brasil, a fonte mais confiável estão nas páginas do Lance e nas várias mídias da ESPN, seja em papel, TV ou rádio (nesta, em parceria com o Estado de S. Paulo).

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