segunda-feira, setembro 10, 2012

Juntos na longa estrada

    Brothers de surfe em geral não nos acompanham a vida toda. Às vezes o cara casa e some (nunca sabemos se ele larga o surfe pela pressão da mulher ou porque não teve mais força mesmo para prosseguir a árdua tarefa de madrugar num fim de semana depois de dormir tarde pela exigência, será?, da esposa). Em outras o cara muda de brothers, porque a amizade não é regada como se deve e ele conhece outros surfistas em sua rede de convivência. E tem também a nossa culpa de não tentar resgatar as velhas parcerias. Talvez porque os momentos de vida de cada um mudem muito, ou mesmo porque sabemos que aquelas antes deliciosas reflexões no outside de outrora já não tenham o mesmo sabor pra gente ou pro antigo brother. Bom, isso quando a gente ou o brother muda seu jeito de ser e viver.

Triste o brother que se foi, mas ficam as histórias, os perrengues, as sacaneadas de um só não atropelando o outro no último segundo (bom, às vezes o outro precisava mergulhar mesmo hehe), as risadas das vacas, e os incentivos - os Úh! Úh! gritados com uma emoção e verdade só possível nos brothers de muitos anos juntos.

Bacana demais, por outro lado, o brother que fica. Que permanece junto na viagem da onda mais longa chamada Vida. Não importa o momento e a rotina de cada um - se tá de namorada nova, se casou, descasou, se vai casar, se virou pai, se tá alegre ou deprê - o cara tá sempre junto. Pronto pra te zoar no pico e também incentivar e trocar aquela ideia profunda que só é possível na maior mesa de bar do planeta, o outside, lá onde sempre chamamos mais uma, onda.

Já são 15 anos surfando junto do irmão de surfe e vida, do raro cara que jamais desistiu de um bate-volta na hora, e que está sempre pronto pra outra. Esse textinho surge também pra tentar resgatar esse blogzinho que era meu espaço de reflexões e memórias pessoais. E surge com a força e brodagem em escala máxima porque o brother me salvou o bate –volta, domingo retrasado, e isso depois dele ter feito um bate-volta no dia anterior com outro surfista. Isso que é estar ali para o que der e vier. E surfar. Mas só podia esperar isso mesmo do brou que não vê problemas em nos acompanhar nos maiores trampos. Porque o cara sempre responde a mesma coisa quando inventamos a maior roubada aqui na Babilônia infernal: “Ae velho, preciso ir na PQP, fazer isso, aquilo e mais aquilo”. Ele sempre responde, “blza, vambora!” e ainda é o único cara que comete a insanidade de se oferecer para pegar os amigos no aeroporto de Guarulhos, tendo que enfrentar o caos chamado Marginal Tietê inteirinha.

Talvez seja o astral do cara, que topa qualquer coisa, e ainda ajuda a atrair as ondas, que quase sempre rolam de gala em nossas quedas. Tá aí a longa linha de ondas que vocês podem ver ao longe nesse videozinho logo abaixo, desta última session. Ondas pequenas mas perfeitas, bom, pelo menos pra gente. E mesmo quando o mar está insurfável, só a risada diabólica do cara lá dentro já faz valer a pena.

Valeu, brou! Ex-aluno (entramos no grande Zontes no mesmo ano!), eterno amigo, futuro padrinho (é, fica sabendo por aqui hehe), que o surfe siga vivo como essa brodagem, sempre.

PS – Os velhos brothers a gente não esquece, um dia a gente cai de novo juntos. Um dia quem sabe vocês assistem ao melhor filme de surfe de todos os tempos, Big Wednesday, e não terá como não armamos aquela trip revival.
PS 2 - Um grande salve aos brothers virtuais Maurio Borges e Gustavo Otto, caras que nunca vi na vida real, mas sempre me ensinaram um pouco sobre a longa estrada azul e sobre uma rara camaradagem que extrapola uma telinha de computador. E um salve ao brotherzinho que não pôde ir, mas também tá mesma estrada há mais de dez anos.

3 comentários:

  1. Valeu Zé!
    Legal ver o Pão na Chapa esquentando de novo!
    Muita vibe no texto!
    Salve!
    Gustavo

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  2. Show!!!
    Brothers são eternos.
    Aloha.

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  3. André (Zen...heheh)14 setembro, 2012 04:58

    Boa Zé,

    Muito bacana o texto publicado. Realmente fazer um bate - volta com os camaradas e curtir aquela queda em um final de semana clássico é algo que não tem preço.
    Agora é deixar a chapa aquecida e continuar com a produção dos textos inspiradores.

    Valeu Zé !!!
    Abraço

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